Estou assim, no meio do caminho, vendo duas estradas, talvez três, quatro, talvez eu vá seguir por alguma, talvez fique aqui parada. Não tenho pressa e estou extremamente apressada. O tempo está correndo, está voando e não está me dizendo absolutamente nada.
Eu sei o que eu quero, mas não sei como fazer para chegar até lá. Estou subindo em degraus, estou colocando roda-pés, estou cuidando dos acabamentos, mas não sei quando enfim, poderei me mudar. Existe alguém dentro deste lar? Tenho medo do silêncio, do vazio, do eco que pode me atravessar.
Eu ainda não aprendi a atravessar paredes, eu sei. Eu ainda não sou tão forte. Meu contorno ainda não é tão visível e eu quase sempre que avanço um passo, penso que dois eu poderia voltar.
Todo dia poderia ser um dia a mais, mas é sempre um dia a menos. Os dias que foram, ficaram lá atrás e não vão mais voltar. O importante é viver os que estão presentes, a nossa volta, aqueles dias que ainda podemos sentir. Depois que eles acabam, eles viram lembranças, apenas páginas viradas.
E poderia ser, eu queria que fosse. E pode ser que seja, mas eu não sei, ainda não aprendi a ver além do alcance dos meus olhos.
Venha o que vier. Eu aguento. Já removi os escombros do meu último desmoronamento. Estou ereta. Estou em mim. Estou vivendo o momento.
Não sinto mais falta daquilo que nunca fez verossimilmente, parte de mim.
Hoje eu acordei e fui dormir com a placidez dos anjos.
Vou tentar mais uma vez...


