terça-feira, 22 de novembro de 2011



Estou assim, no meio do caminho, vendo duas estradas, talvez três, quatro, talvez eu vá seguir por alguma, talvez fique aqui parada. Não tenho pressa e estou extremamente apressada. O tempo está correndo, está voando e não está me dizendo absolutamente nada.

Eu sei o que eu quero, mas não sei como fazer para chegar até lá. Estou subindo em degraus, estou colocando roda-pés, estou cuidando dos acabamentos, mas não sei quando enfim, poderei me mudar. Existe alguém dentro deste lar? Tenho medo do silêncio, do vazio, do eco que pode me atravessar.

Eu ainda não aprendi a atravessar paredes, eu sei. Eu ainda não sou tão forte. Meu contorno ainda não é tão visível e eu quase sempre que avanço um passo, penso que dois eu poderia voltar. 

Todo dia poderia ser um dia a mais, mas é sempre um dia a menos. Os dias que foram, ficaram lá atrás e não vão mais voltar. O importante é viver os que estão presentes, a nossa volta, aqueles dias que ainda podemos sentir. Depois que eles acabam, eles viram lembranças, apenas páginas viradas. 

E poderia ser, eu queria que fosse. E pode ser que seja, mas eu não sei, ainda não aprendi a ver além do alcance dos meus olhos.

Venha o que vier. Eu aguento. Já removi os escombros do meu último desmoronamento. Estou ereta. Estou em mim. Estou vivendo o momento.


Não sinto mais falta daquilo que nunca fez verossimilmente, parte de mim. 


Hoje eu acordei e fui dormir com a placidez dos anjos.


Vou tentar mais uma vez...

segunda-feira, 25 de julho de 2011

Certos vôos são alçados sem asas, outros não...



É, foi mais um dia, dos vários dentro de mim que tem seguido sem fazer o menor sentido. Hoje a experiência foi a de tentar isolar tudo de sufocante e grave que pudesse ficar entranhado em minha alma. Eu pensei nela, como devo pensar sempre, mas a joguei para uma esquina nova, com tendências novas, onde só eu e a minha voz interior sabemos.
Queria provar toda aquela sensação, mas fato que enquanto eu estiver envolvida, não estarei pronta para saborear nada que não possa caber dentro de mim. Eu descansei e permaneci cansada, pois ainda acordei com a obrigação de continuar vivendo aqui e esse fardo pesa demais às vezes. Tudo bem, muitos se vão querendo ficar, mas a permanência é fatigante.
Lembro-me de tudo, contando mais ou menos assim:
- Era uma vez uma menina que não conseguia voar, pois ela não conseguia superar e nem esquecer o seu medo de altura. Todos tentavam convencer aquela menina a voar, pois ela tinha asas belas, enormes e todos de certa forma a invejavam por isso. Mas a menina, meio anjo, meio humana, ainda não se sentia preparada, pois seu medo não era apenas o de cair, mas sim de não se erguer mais. Ela já havia despencado da altura do céu para a superfície de pedra da terra, por algumas vezes, sendo que dessas várias quedas, uma deixou uma lesão profunda, que nem a dormência e nem a indiferença dos dias, puderam fazer essa adorável, porém frágil menina voltar à paz e a tranquilidade dos ares.
A verdade é que alguém roubou seu segredo de vôo, alguém levou sua inocência, sua fé no mundo e nas estrelas que brilhavam sobre ela. Ela tem medo de ficar presa em um mundo escuro. Ela morre de medo do escuro, talvez mais até do que de altura. Essa menina só vai conseguir voar, quando ela conceder a sua própria liberdade, indo de encontro ao seu destino, sem hesitar.
E descobriu-se então que o grande mal daquela menina era o mal de não se permitir.
E uma voz de muito longe e com um tom aveludado soprou em seus ouvidos e disse:
- Vá, menina! Agora chegou a sua vez. A hora de cair passou. Agora veio a hora de se levantar.
E todos se surpreenderam com o que viram daquela menina desse dia em diante.

quarta-feira, 25 de maio de 2011

Gosto quando estou feliz, gosto quando sorris pra mim.



Acordar hoje foi acordar no alto de uma montanha gelada, cantando para os anjos: hoje acordei em paz. Tive luz dentro dos meus olhos e tive sensatez na maioria dos meus pensamentos. Eu não fiz absolutamente nada relevante, apenas me senti feliz por ser eu mesma. 
Quanto tempo da minha vida gastei não sendo quem eu deveria, gastando minhas escassas horas com sentimentos e pessoas que não mereciam. Hoje eu sou só apenas minha e de mais ninguém, meu egoísmo se limita a isso, a não me dividir com mais ninguém em dia e em hora nenhuma. Jamais me cegarei diante de sentimentos turvos que atrapalhem a minha visão e negaceiem os meus frágeis olhos cor de terra. 
Me dei em pensamentos a quem não devia e talvez tenha pecado aí. Não que eu queira voltar para a beira daquele abismo, mas eu ainda não consegui me livrar do ímã que me leva até lá. Eu tenho ainda uma enorme vontade de me jogar, apenas tenho a consciência de que não mais tenho forças para sobreviver a esse voo livre, sou tão frágil quanto humana e a minha morte seria certa. Meu coração se quebra e eu apenas me desmancho no vento que leva as folhas. 
Fui também promíscua com meus pensamentos, pois me dei a outros corpos em devaneios. É como se eu sentisse a necessidade de brincar com todas aquelas pessoas que julgo atraentes para a minha vida. Eu gosto de me perder em viagens que terminam em atropelamentos e não em falta de gasolina. Eu sempre vou ser a amante numero um do perigo. Foi isso que Deus me disse quando me atirou de volta nesse mundo, eu quase consigo me lembrar.


Em suma, hoje eu não fiz nada relevante e ao mesmo tempo eu evoluí. Eu não saí de casa para crescer, apenas desci ao meio-dia para comprar minha comida, e mais tarde um pouco para ir à farmácia comprar papel higiênico. Isso não mudou a minha vida, apenas cansou um pouco mais o meu corpo e forçou a respiração ofegante do meu maltratado pulmão de fumante. 


Eu acho que eu subi um degrau e meio hoje e por isso me satisfiz com as vivências do dia. 




Boa noite.